Investigado pela CPI da Manipulação afirma que organização oferecia mais de R$ 400 mil para jogadores fraudarem jogos

CPI da Manipulação: jogadores R$ 400 mil

Nesta terça-feira, 26, Bruno Lopez de Moura, jogador de futsal investigado como um dos líderes de uma organização criminosa de manipulação de apostas esportivas, confirmou seu envolvimento criminoso, porém negou veemente ser o chefe por trás das operações durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas.

Ao ser questionado sobre sua participação no esquema, Moura relatou que o grupo pagava entre R$ 50 mil a mais de R$ 400 mil para jogadores seguirem as instruções durante os jogos, variando entre cartões amarelos, vermelhos, quantidade de faltas etc.

Depoimento à CPI da Manipulação

O empresário disse que teria recebido informações de alguém, sem citar nomes, para apostar em Lucas Paquetá e Luiz Henrique em 2023 em uma aposta “casada”, porque os jogadores receberiam cartões amarelos. No entanto, ele afirmou que isso teve cunho “pessoal”, sem fazer parte do esquema de manipulação e que foi “uma fezinha para ganhar dinheiro”.

“Eu até me surpreendi um pouco nas últimas semanas, quando vi meu nome ligado a ele: ‘Luiz Henrique está envolvido com o empresário relacionado a Bruno Lopez’, e a única informação que tenho, e até passei na época para o Ministério Público, é que uma terceira pessoa, que eu também não posso citar o nome, mas está nos autos, me informou que ele tomaria o cartão, e eu simplesmente apostei. Não tive nenhum tipo de contato com ele”, afirmou Moura durante o depoimento.

Familiares do meia Lucas Paquetá, do West Ham United F.C., realizaram duas transferências, no total de R$ 40 mil, para Luiz Henrique, atacante do Botafogo, dias depois que o jogador recebeu cartões amarelos em 2023, enquanto ainda jogava pelo Real Betis, da Espanha.

Bruno Tolentino, tio de Paquetá, seria autor de uma das transferências e admitiu em outra ocasião já ter ganhado dinheiro com apostas em ao menos um dos jogos disputados pelo botafoguense.

Ele também foi chamado para depor, mas permaneceu em silêncio conforme orientação de seus advogados. Os jogadores também foram chamados para depor na, e segundo Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da CPI da Manipulação, eles devem ser ouvidos ainda em dezembro.

Quem está por trás de tudo

De acordo com Moura, ele foi convidado por meio de Thiago Chambó, que também é investigado na Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás (MP-GO). O depoente ainda afirmou que há “gente graúda” por trás disso e hesitou em citar o nome de Chambó, alegando temor por sua segurança.

Ele afirmou ser responsável no esquema por convocar os jogadores, agindo como intermediador entre Chambó e os atletas, apesar de também estar envolvido nos pagamentos, segundo a investigação.

“Foi através dele [Thiago Chambó] que eu fui convidado, ele só me colocou o trabalho de ir atrás dos jogadores. Ele disse que tinha como fazer, operar. Fazer as apostas. Eu não era nem encarregado de fazer as apostas. Eu arrumava os jogadores e entregava na mão dele. Ele fazia todo o restante”, afirmou Moura.

“Na primeira oportunidade que eu arrumei um atleta para eles, deu errado”, relatou. “Fiquei com uma dívida de R$ 100 mil com esse pessoal. Eu não tinha como pagar. Foi onde eu arrumei outros jogadores. E aconteceu a operação dos R$ 720 mil. De uma dívida de R$ 100 mil veio um lucro de R$ 720 mil. Pagando os jogadores, veio um lucro de R$ 200 mil e pouco para mim. Meus olhos brilharam.” 

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