O Brasil deu o passo definitivo para regulamentar o setor de apostas esportivas em nível nacional, enquanto inúmeras casas de apostas buscam a oportunidade de mercado; por isso, será vital avançar na carreira de marketing esportivo.
Para obter uma nova perspectiva sobre como esse cenário e sobre a dinâmica mais ampla dos patrocínios esportivos poderiam funcionar, a Insider Sport conversou com Thomas Carvalhaes, diretor-geral da casa de apostas brasileira Vai de Bob, antes de sua participação no SBC Summit Rio, em março deste ano.
Insider Sport: Quais são os planos da Vai de Bob para o marketing esportivo no Brasil e quais serão os elementos definidores das campanhas?
Thomas Carvalhaes: Olhando para o futuro, já temos um conjunto muito claro de regras de marketing delineadas pelo CONAR, e a Vai de Bob já implementou todas as suas diretrizes. Também estamos muito atentos ao ambiente em constante mudança, conforme estabelecido pelo governo brasileiro, como a proibição de materiais de marketing feitos por influenciadores nas redes sociais.
Precisamos tomar providências em torno de alguns pontos óbvios, como não visar menores de 18 anos, adicionar isenções de responsabilidade na parte inferior de cada banner de marketing, etc. Também estamos discutindo a adição de novas frases de jogo responsável, como “o jogo não é uma forma de investimento” e muito mais.
IS: Como os operadores de apostas e as partes interessadas no esporte podem trabalhar juntos para garantir que o potencial comercial seja realizado e, ao mesmo tempo, proteger adequadamente os clientes?
T.C.: É preciso dizer que, mesmo que o Brasil tenha permanecido sem regulamentação por um longo período de tempo, os profissionais de jogos on-line do país são pessoas muito experientes e especialistas nas boas práticas dos mais rigorosos mercados europeus.
Portanto, este não é um tema novo para nenhum de nós, sabemos quais medidas de boas práticas (RG, KYC) implementar. Agora, trata-se de aplicar as melhores práticas internacionais juntamente às exigências do CONAR e da autoridade reguladora brasileira.
O CONAR é conhecido por ser particularmente protetor dos direitos de seus clientes, por meio de entidades como CDC [Código de Defesa do Consumidor], PROCON (entidade criada especificamente para clientes insatisfeitos registrarem suas reclamações e abrirem facilmente processos judiciais contra tais empresas) e alguns outros.
IS: Há alguma tendência ou acordo comercial ou de patrocínio na Europa que você tenha interesse em apresentar ao mercado brasileiro?
T.C.: Não neste momento. Os mercados da UE são um desafio em si. Cada país muda e adapta continuamente suas regras e seus regulamentos, dependendo do comportamento dos clientes e dos operadores.
Honestamente, não vi nada de importante em termos de acordos de patrocínio vindo da UE. Na verdade, tenho visto excelentes exemplos de abordagens de marketing inovadoras sendo aplicadas no Brasil e em outros mercados latino-americanos.
IS: O futebol é, obviamente, o esporte mais popular no Brasil, mas uma abordagem multiesportiva e multidinâmica de patrocínio e de marketing ainda é valiosa?
T.C.: Eu realmente acho um erro pensar que o brasileiro só se preocupa com futebol. É claro que temos orgulho de ser pentacampeões mundiais de futebol e respiramos futebol.
No entanto, após uma análise mais detalhada, pode-se descobrir rapidamente que os brasileiros são muito mais propensos a jogar jogos baseados em RNG do que apostas esportivas.
Obviamente, o mercado de apostas esportivas tem sido uma grande porta de entrada para os operadores no Brasil. Porém, falando apenas em análise de dados e de comportamento do cliente, há uma tendência e uma demanda muito clara por outros tipos de jogos de probabilidade fixa, o que amplia ainda mais o potencial de mercado.
IS: Você poderia compartilhar conosco o que achou no momento em que o regulamento dos jogos on-line foi aprovado?
T.C.: Sentimentos confusos, na verdade. Por mais que tenha ficado aliviado ao finalmente ver uma regulamentação final para o Brasil, fiquei preocupado com suas limitações iniciais, como deixar de fora os jogos RNG, taxar o jogador e a falta de clareza quanto ao seu escopo e à sua estrutura.
Entretanto, é preciso dizer que a indústria ficou aliviada ao ver que o atual governo conseguiu trazer algo à tona. Agora, é uma questão de refinar a lei, fazendo as devidas alterações para garantir o melhor cenário possível para clientes, operadores e governo.
Atualmente, existem vários debates sobre a definição de apostas de quota fixa. Um forte argumento a favor dos jogos baseados em RNG é que, mesmo que uma aposta feita em um evento esportivo antes do início do jogo seja considerada uma aposta de probabilidades fixas, o evento ainda terá um resultado aleatório.
O mesmo pode ser dito em relaçãp aos jogos RNG. Deve-se compreender que o fato de um evento de apostas não estar ligado a um evento esportivo não o torna mais ou menos aleatório para efeitos de apostas.
IS: Como palestrante no evento SBC Summit Rio em março, seu painel foca em abordagens de marketing localizadas. Qual a diferença de localização no Brasil para patrocínios de apostas?
T.C.: Acredito firmemente que a localização é fundamental para qualquer mercado. É claro que existem estratégias globais que podem ser utilizadas na maioria dos mercados. Porém, por experiência própria, posso afirmar que conhecer bem seu público-alvo, aliado a um profundo entendimento do que funciona em um mercado, ajuda muito.
O Brasil é um mercado muito complexo, e estamos em uma fase que não basta mais estampar uma logomarca na camiseta de um time. Há muito espaço e muita oportunidade para executar ativações de marca adequadas de uma forma única, adaptada ao público-alvo daquele clube ou evento.
Desde que todas as regras e orientações sejam seguidas, devemos dizer que, realmente, o céu é o limite.
Thomas Carvalhaes, junto a muitos outros representantes de esportes e de apostas no Brasil, será palestrante no SBC Summit Rio, que acontece entre os dias 5 e 7 de março de 2024.
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