Um novo relatório reacendeu o debate público sobre a construção de um cassino na região chilena de Maule, liderada pela operadora local Dreams. De acordo com a imprensa, a Direção de Obras Hidráulicas (DOH) do Chile teria dado parecer favorável à empresa, embora tenham surgido várias dúvidas sobre essa decisão, já que anteriormente o projeto havia sido rejeitado pela própria DOH.
Inicialmente, a região é classificada como de “alta vulnerabilidade a inundações”, o que preocupa os moradores quanto ao impacto ambiental que o empreendimento pode causar. O projeto prevê um investimento de 21 milhões de dólares no emblemático recinto da antiga Fital.
A Dreams e a Associação Gremial Agrícola Central (AGAC) planejam construir um cassino de sete mil metros quadrados, complementado por um boulevard com restaurantes e lojas, um anfiteatro para 1.500 pessoas, museu, área de jogos infantis e salões para eventos e espetáculos culturais.
Questionamentos sobre as aprovações do cassino em Maule
Um relatório anterior da DOH rejeitou uma proposta da AGAC que sugeria o aterramento dos terrenos suscetíveis a inundações na antiga Fital. “Não é viável pensar que criar ilhas de terrenos aterrados resolverá o problema das áreas de risco”, afirmou o órgão há pouco mais de um mês.
Outro relatório da DOH classificou o projeto como de “alto risco” de inundação e destacou que, apesar das soluções apresentadas, essas medidas “minimizariam de forma limitada as inundações na área”. Além disso, concluiu que o projeto “não mitigaria o impacto das cheias nem eliminaria a condição de inundação do terreno”.
Esses antecedentes levantam dúvidas sobre as informações recentes de que a DOH teria aprovado o projeto da Dreams. Vale lembrar que, anteriormente, foi anunciado que a Seremi do Meio Ambiente de Maule teria dado aval à proposta, mas o próprio órgão desmentiu essa informação pouco depois.
Enquanto se aguarda uma confirmação oficial da DOH, a Dreams busca a aprovação final da Prefeitura de Talca e do Ministério de Habitação e Urbanismo (Minvu). Esses órgãos devem avaliar a possibilidade de mitigar os riscos do projeto e verificar se ele atende às diretrizes de uso de solo estabelecidas no Plano Regulador Comunal.
Cassinos físicos no Brasil
O presidente do Instituto de Desenvolvimento e Turismo (IDT-CEMA), Bruno Omori, em audiência com o Ministério do Turismo e com a Secretaria Nacional de Políticas de Turismo no ano passado, frisou a importância dos cassinos físicos no país. O presidente mencionou o potencial de gerar mais de 10 milhões de empregos no setor de turismo no país, com injeção de investimentos nacionais e internacionais superiores a US$ 70 bilhões na macroeconomia. Ele também relembrou que a entrada de cassinos geraria “bilhões em impostos” para os cofres públicos.
Em setembro de 2024, o ministro do Turismo, Celso Sabino, em reunião com membros do G20, deixou claro que essa Lei dos Cassinos deve trazer mais visibilidade ao turismo brasileiro, já que deve “movimentar a cultura, a gastronomia e trazer mais turistas estrangeiros”.
“Resorts-cassinos são projetos que empregam muitos recursos para sua implantação. […] O projeto é adequado e vai ajudar os brasileiros a se movimentarem pelo país e a atrair mais visitantes estrangeiros”, afirmou.
A ideia é que a construção dos cassinos incentive a criação de polos turísticos que fujam do óbvio. “Não vamos buscar instalar um resort desses num grande centro urbano que já possui grande visitação. Vamos buscar afastar um pouco para fazer com que novos polos turísticos surjam”, disse o ministro.
A questão do impacto ambiental também deve ser analisada, de acordo com a avaliação do senador Irajá Abreu, relator do projeto de lei de legalização dos cassinos.