Alessandro Stefanutto, presidente do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), alegou que o órgão avalia proibir o uso de dinheiro do Benefício de Prestação Continuada (BPC) em apostas esportivas, uma vez que o auxílio é voltado às pessoas com deficiências e aos idosos de baixa renda. Segundo ele, a área técnica do INSS está realizando um estudo sobre o mercado, o qual será apresentado ao Ministério da Previdência Social.
Em entrevista ao Estadão, Stefanutto comentou que o BPC tem como objetivo “mitigar a miséria”. Se o dinheiro está sendo usado para apostas esportivas, para ele há duas possibilidades – o benefício foi concedido de maneira equivocada ou há mau uso do recurso.
O presidente comentou, ainda, que irá solicitar informações de pagamentos relacionados às empresas de apostas ao Banco Central do Brasil (BCB).
“Os bancos que operam o adiantamento já têm expertise de vetar CNPJs de empresas de apostas esportivas. Se permitirmos apostas, vamos alimentar vícios”, afirmou Stefanutto.
Uso do Bolsa Família para apostar
Em setembro do ano passado, o BCB divulgou estudo que estimava o uso de milhões de reais do Bolsa Família em apostas on-line via Pix. O levantamento fomentou discussões e mais pesquisas, dividindo opiniões de especialistas de diferentes áreas no Brasil.
Para a Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), os cálculos do BCB não estavam coerentes – o estudo aponta a participação de 5 milhões de beneficiários, sendo 3,5 milhões chefes de família. De acordo com dados do próprio governo, cerca de 80% desses beneficiários são mulheres, o que não bate com o público de sites de apostas, majoritariamente masculino.
Recentemente, Gabriel Galípolo, novo presidente do BCB, fechou acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar possíveis transações suspeitas por parte de beneficiários do Bolsa Família em apostas esportivas e em jogos on-line.
Junto a Vital do Rêgo, presidente do TCU, Galípolo visa esclarecer essa pesquisa do BCB envolvendo beneficiários do Bolsa Família.