SBC Summit Barcelona: a IA não é o futuro, é o presente

IA

A Inteligência Artificial (IA) está gerando impacto na indústria há décadas, mas sua influência está crescendo exponencialmente entre as empresas de cassinos, de apostas esportivas e de loterias. 

Os recentes avanços na arte da IA, embora controversos para alguns, trouxe grandes oportunidades de economia de tempo para desenhistas, enquanto novos caça-níqueis on-line são disponibilizados continuamente todas as semanas. Por isso, os provedores não podem evitar considerar que os modelos de IA permitem lançamentos mais rápidos, que poderiam ser a chave para otimizar a entrega dos conteúdos.

Ao analisar o papel que a IA poderia desempenhar no desenvolvimento de lançamentos de caça-níqueis, operadores, provedores e afiliados participaram do SBC Summit Barcelona para discutir uma variedade de temas relacionados à IA e ao seu impacto na criação de jogos. 

Daniel Lindberg, diretor executivo da Breakpoint Invest, foi o moderador do painel “AI disrupting slot design – Is this the future of game creation”. Lindberg disse que a indústria dos cassinos on-line, tanto para as empresas B2C quanto para as B2B, “enfrenta uma mudança tecnológica massiva com a entrada da IA”.  

“Acredito que estamos em um ponto de inflexão. A pergunta não é se a IA afetará a maneira em que operamos, mas sim em quanto nos afetará”, detalhou Lindberg.

Ao responder a diferença entre a verdadeira IA e o aprendizado automático a Lindberg, o painelista Vladyslav Garanko, CBDO da Platipus, afirmou que a maioria dos componentes da IA que se utilizam hoje em dia são, na verdade, “simulações limitadas” da verdadeira IA e citou o ChatGTP, que é considerada a ferramenta “bastante perigosa e bastante impressionante” da vez.

Em relação à noção de que a tecnologia de IA atual é limitada, Lindberg afirmou que “não pode ser tão limitada” e referiu-se a outro painel, em que foi sugerido que o ChatGPT-4 possui um coeficiente intelectual equivalente ao de Einstein e que seu futuro sucessor, ChatGTP-5, será 10 vezes mais inteligente. 

Diante disso, Garanko comentou: “Esta é a questão, não sabemos realmente o que está além do horizonte do nosso entendimento. Então, desde a nossa compreensão limitada, vemos isso como uma pessoa muito burra conversando com uma muito inteligente”.

Ainda, acrescentou: “Mas se a IA se desenvolvesse até tal estágio, começaria a nos ensinar como nos comunicarmos adequadamente com ela. De repente, tem um nível diferente de comunicação, e a relação mestre/servo pode mudar de direção”.

Depois de transmitir o poder da IA ao público, Lindberg direcionou a conversa para seu impacto nas empresas de toda a indústria de jogos on-line, começando com a perspectiva do operador Philip Sultana, diretor de Desenho e UX/UI do PressEnter Group.

“Em toda a empresa, seja financeira, jurídica, de design, puramente de cassino, utiliza-se a IA. Eu diria que a IA não é o futuro; na realidade, é o presente”, enfatizou Sultana.

“Falando pela minha equipe, tendemos a utilizar a IA generativa, principalmente como a Midjourney, quase como um artista conceitual que está na sala conosco. Damos ideias e ele fornece uma imagem. Depois, vemos a imagem e a usamos para criar uma ideia. É como se estivéssemos jogando tênis de mesa. Atualmente, não é considerado um substituto, mas é um grande benefício para a equipe, e sentimos que está melhorando a qualidade. Então, outras pessoas podem ser um pouco preguiçosas e pensar: ‘está bem, não precisamos de todos esses erros de design’, e, no seu lugar, utilizam Midjourney”.

No entanto, ressaltou que isso limita a criatividade porque o Midjourney e a IA se baseiam em um conjunto de dados, por que copia o que já existe. “Inerentemente, dará a você mais do que já existe. A indústria não precisa disso, há muitos jogos similares”, finalizou Sultana.

Aleksandra Andrishak, editora da Slotsjudge, trouxe ao cenário a perspectiva de um afiliado e explicou como a empresa está experimentando a inteligência artificial ao escrever resenhas sobre os lançamentos de caça-níqueis da indústria.

“Não produzimos caça-níqueis, mas nós os revisamos. Então, quando o ChatGPT se tornou muito popular, experimentamos bastante com ele. Infelizmente, não obtivemos resultados satisfatórios com o ChatGPT. Não reduziu nossos custos nem nosso tempo. O ChatGPT tem muita dificuldade de fornecer opiniões, e isso é geralmente o que os jogadores buscam quando leem uma resenha de slot”, explicou a editora.

Andrishak também disse: “Outra coisa que descobrimos é o que ChatGPT não lida muito bem com as ausências. Estatisticamente, a maioria dos jogos de caça-níqueis tem [símbolos] wilds, e os que estávamos revisando, em particular, não tinham. Ainda assim, adicionará descrições de [símbolos] wilds porque todos os outros slots os possuem”.

Em relação ao desenvolvimento dos caça-níqueis, Garanko foi o primeiro a fornecer informações sobre a experiência de um provedor com a IA ao usá-la para a entrega de conteúdo.

“Nossa equipe usou IA no passado, há alguns anos, se recordo-me bem. Para ser honesto, o resultado é um pouco confuso. É muito eficaz em termos de visualização. Quando você entende o conceito e quer transmiti-lo a um designer, que terá que desenhá-lo corretamente, com ChatGPT é possível definir uma descrição perfeita, o que permite visualizar para que o desenhista a compreenda e possa prosseguir”, afirmou Garanko.

“Porém, ao mesmo tempo, os resultados podem variar. Alguns são hilários, outros são absolutamente horríveis. A IA pode realmente criar um jogo de slot do zero? Sim. Não funcionará, será absolutamente horrível. Mas sim, pode. A IA é apenas mais uma ferramenta. Eu diria que a IA é um martelo gigante, enquanto que, nós, humanos, somos a talhadeira que é usada para fazer uma escultura perfeita. É um martelo gigante que você precisa para esculpir o mármore e dar-lhe o formato perfeito, para que um humano possa visualizá-los e liberar a beleza interior”, refletiu.

A Endorphina, desenvolvedora de slots com sede em Praga, também esteve representando o cenário. Gretta Kochkonyan, diretora de Gestão de Contas, contou como o provedor utilizou a IA para criar o recente lançamento de caça-níquel Joker Ra e explicou que os pequenos erros cometidos pelos modelos artísticos da IA generativa, na verdade, puderam adicionar personagens ao jogo.

“Brincamos muito com isso. Criamos o jogo Joker Ra com a ajuda da IA, basicamente para os gráficos. Sim, é engraçado. Sim, não é como se alguém tivesse desenhado. Por exemplo, temos um gato – símbolo dentro do jogo – que tem cinco patas. Uma loucura, não é? Podemos aceitar que é uma loucura, mas, então, quais são as emoções que os jogadores sentem em relação a isso? Eles estão dando uma olhada, sabem que é IA, mas o resultado em si mostrou que as pessoas estão interessadas, queriam realmente ver algo novo, algo louco”, acrescentou Kochkonyan.

Para definir o impacto atual da tecnologia de inteligência artificial nos provedores de caça-níqueis, Kochkonyan concluiu: “Isso é algo que mudará o futuro, porque já começou. Com a Endorphina, o resultado foi bom. Gostamos e queríamos fazer mais, mais e mais”.