O Brasil deve sair da incômoda liderança global do ranking de países com maior número de jogos suspeitos de manipulação. Após dois anos seguidos no topo da lista, a Sportradar viu uma queda de 45% na quantidade de jogos suspeitos entre os meses de janeiro e outubro.
A Sportradar atua em parceira com 15 federações estaduais, CBF, Conmebol, UEFA e FIFA. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) identificou uma queda ainda maior, de 65%, no recebimento de relatórios suspeitos em 2024.
O Brasil esteve no topo do ranking em 2022 e 2023, com 152 e 109 casos, respectivamente. Jogo suspeito é considerado aquele que exibe provas contundentes de vício ou indícios críveis de manipulação. No país, quase todos os casos aconteceram dentro do futebol. A maior parte dos jogos suspeitos de manipulação se concentram em competições regionais ou de divisões inferiores, organizados pelas federações estaduais.
O desconhecimento da lei, no entanto, também afeta jogadores da elite do futebol nacional. De acordo com reportagem realizada pelo GE, clubes da Série A promoveram, em 2024, ações de prevenção à manipulação de resultados. Nessas palestras, muitos atletas informaram não saber da existência de restrições para o envolvimento com apostas esportivas, ou que devem ter uma atenção maior com informações privilegiadas repassadas a terceiros.
De acordo com a Polícia Federal, é complicado investigar casos de manipulação, porque as organizações criminosas migram de um estado para o outro e, em campeonatos estaduais, a PF não pode atuar.
No ano de 2023, o Brasil registrou uma proporção de 1,21% de jogos suspeitos por manipulação, quase o dobro da média global, de 0,63%. No entanto, no caso de competições organizadas pela CBF, o número foi de 0,72%. Já nos casos de jogos sob tutela das federações estaduais, o valor foi de 1,35%.
Empresa não viu indícios de manipulação no Brasileirão de 2023
Apesar das críticas e alegações de John Textor, dono da SAF do Botafogo, a Sportradar não viu nenhum indício de manipulação nos jogos do Campeonato Brasileiro de 2023.
Nenhum dos 109 jogos indicados como suspeitos pela empresa ocorreram na Série A ou na Copa do Brasil. Apenas 15 deles foram em competições organizadas pela CBF.
“Entendo que não foi o resultado preferido para o dono de um time. Mas nosso sistema não detectou evidências de manipulação”, disse Carsten Koerl, CEO da Sportradar, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
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