Tratar de verificação de identidade do usuário, segurança e compliance é algo extremamente complexo. Uma saída para facilitar o trabalho das operadoras é trabalhar com um bom processo de Know Your Customer (KYC) e filtrar, desde o registro na plataforma, que tipo de usuário a operadora aceita ou recusa. Esse foi o tema discutido durante o painel “Simplifying Identity Verification in Brazil”, no SBC Summit Lisboa em setembro deste ano.
Kayky Janiszewsk, CEO da Legitimuz, empresa brasileira que presta serviços de verificação de identidade e reconhecimento facial, destrinchou o que é exigido pela regulamentação brasileira em termos de verificação e como atingir máximas de conformidade sem comprometer a qualidade do trabalho das operadoras.
Questões como segurança do cliente, fraudes bancárias, lavagem de dinheiro e roubo de dados são pautas importantes para toda operadora que deseja atuar em conformidade no cenário brasileiro.
Durante o processo de registro dos clientes no site, é necessário verificar se quem está se registrando é menor de idade, se é alguém politicamente exposto ou que esteja na lista de prevenção à lavagem de dinheiro (AML). Essas pessoas não podem apostar, além de atletas, como jogadores de futebol, ou pessoas ligadas a empresas de apostas, como sócios e até funcionários.
Para garantir essa verificação, o processo deve passar pelo registro de nome completo, CPF, data de nascimento, endereço completo e uma cópia de documento válido. “Você [operador] deve guardar esse documento”, reforçou o CEO.
Todos os dados são comparados com os dados do governo. Se tudo estiver correto, então é possível seguir adiante. “Não se pode permitir que o cliente se registre no site sem a verificação completa”, disse Kayky.
Ao tratar de reconhecimento facial, um dos métodos mais eficazes para verificação de identidade e obrigatório no Brasil a partir de 2025, o CEO foi categórico ao afirmar que o processo de reconhecimento facial “não deve acontecer apenas no registro, é necessário fazer também em outros casos. Como ao mudar os dados, como e-mail; ao sacar [o valor de prêmio]; ao atualizar os dados anualmente; também se quiser fechar a conta ou em caso de suspeita de fraudes”.
“Se o usuário tiver restrições no CPF, pendência com o governo, não deixe o usuário seguir [no processo de criação de conta]. Isso evitará gastos desnecessários”, relembrou.
A importância do processo inicial (registro e log-in) para qualquer operadora que atua no Brasil é evitar dores de cabeça no futuro. Um cliente que tenta falsificar sua identidade para apostar não é bom sinal.
Apesar da importância do processo de registro do cliente, Kayky também relembrou que um procedimento lento e demorado de aprovação pode afastar os usuários para outros websites, o que leva à perda de renda para a empresa. Por isso, o enfoque em um processo rápido é essencial para o sucesso do registro de usuário.
“No Brasil, é gasto muito dinheiro em publicidade [com] influencers, ex-jogadores de futebol, times de futebol, na televisão etc. Imagine ser um operador, ter investido milhões de dólares e simplesmente haver um grande bloqueio no processo maior importante da jornada do cliente, que é o registro na plataforma?”
Verificação de identidade em celulares mais antigos
Quando operadoras decidem trabalhar em diversos países, uma questão importante a ser levada em conta é a localização de pagamentos, marketing e operação.
O Brasil será o primeiro país no mundo a adotar a biometria facial para prevenir fraudes e impedir que menores de idade apostem. O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) informou nesta semana que a tecnologia de reconhecimento facial, obrigatória a partir de 2025, está em fase de integração nas plataformas associadas.
Segundo a base de dados da Legitimuz, mais de 85% dos usuários brasileiros usam celulares mais antigos, e isso impacta diretamente no reconhecimento facial mais moderno e avançado.
“As empresas estão adaptadas a testar o produto em celulares novos, que performam com boas câmeras e processadores, então é diferente verificar um usuário com um celular antigo de um com celular novo”, afirmou Kayky.
Em um país com essa demografia, como levar em frente o reconhecimento facial ultramoderno e avançado? Neste caso, é necessário dar alguns passos para trás e reavaliar maneiras mais fáceis e práticas para que o cliente envie suas informações e que essas informações sejam processadas de maneira eficaz.