SBC Webinar: o potencial KYC inexplorado das apostas brasileiras

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O mercado de apostas brasileiro é feito para ser enorme – e isso é algo que todos os observadores do setor não têm discordam, embora determinar quando será lançado legalmente seja uma questão diferente.

Ainda que grande parte do hype em relação ao sétimo país mais populoso do mundo tenha focado em grande parte – e compreensivelmente – no valor comercial do mercado, seu potencial KYC não foi discutido.

No mais recente SBC Webinar, as possibilidades brasileiras não foram perdidas com Roger Redfearn-Tyrzyk, diretor de jogos globais da IDnow, que apareceu ao lado de Martin Lycka (SVP para assuntos regulatórios americanos e jogo responsável da Entain) e Fellipe Fraga (diretor de negócios da EstrelaBet).

“O Brasil possui o potencial de se tornar o mercado de apostas esportivas número um no mundo. Se você olhar para as pessoas, elas são tão apaixonadas por esportes, não apenas por futebol, mas também por basquete, por exemplo”.

Encontrando um denominador comum com o CBO da EstrelaBet, Redfearn-Tyrzyk concordou com seu colega que as apostas têm uma forte base cultural no Brasil, principalmente devido à população do país ter uma paixão pelo esporte.

Além disso, um ar de otimismo foi compartilhado pelos participantes do painel, mirando a iminente regulamentação do mercado de apostas sob o comando do recém-eleito presidente Lula, aparentemente esperada quando retornar de uma visita à China ao lado do ministro da Economia, Fernando Haddad.

“Aprendemos que precisamos ter boas empresas conosco e estamos ansiosos pela regulamentação», explicou Fraga. Disse, ainda, que o Brasil precisa de dinheiro e que, sem regulamentação, não haverá impostos revertidos nas áreas demandadas do país. 

“Já tivemos algumas reuniões entre o Ministério da Economia e a indústria para discutir a prontidão. A última notícia é que, depois que o presidente retornar da China, ele assinará o regulamento. Não sabemos quanto tempo as licenças serão ou quanto custarão, mas estamos apenas se preparando para tudo o que está por vir.»

Enquanto isso, Lycka disse que espera que Lula examine e assine o pacote regulatório para lançar apostas esportivas depois de retornar de sua viagem diplomática.

A partir daí, as apostas esportivas já estão acontecendo no Brasil, com todos os estados tendo o direito de serem regulados devido ao fato de as apostas serem consideradas uma forma de loteria – mas a regulamentação federal ainda não entrou em vigor.

Alguns estados começaram a avançar, como o de Minas Gerais – a loteria do estado que desenvolve uma oferta de apostas esportivas com o apoio da NeoGames.

Que impacto a regulamentação federal terá no mercado, a partir de uma perspectiva KYC? Na visão de Lycka, uma prática tributária brasileira existente torna a situação ideal para os operadores.

“Da mesma forma que a EstrelaBet, deve-se levar em consideração todas as idiossincrasias culturais, tecnológicas e administrativas aplicáveis», disse. «O Brasil, há muitos anos, possui o sistema CPF em vigor, o que torna as coisas mais diretas. É uma maneira muito direta de combinar os dados de registro com os do banco de dados do estado”.

O CPF, segundo o representante da Entain, estabelecerá “bases fortes” para as empresas globais verificarem os clientes” com padrão de segurança elevado.

Desempenhando um papel central, estão empresas como a mencionada IDnow, cujo diretor de jogos globais foi capaz de oferecer a perspectiva dos fornecedores de solução sobre os desenvolvimentos brasileiros.

Redfearn-Tyrzyk continuou: “Em termos de KYC, realmente difere, pois toda empresa tem sua própria definição e seus próprios KPIs, e você deve fornecer um software que os arquiva. Isso é muito flexível […] Também temos acesso ao banco de dados oficial do governo, onde podemos verificar o número do CPF, verificar se o nome é o mesmo, se a pessoa ainda está viva e também verificar a idade”.

“Existem muitos fatores diferentes sobre como podemos detectar fraudes, proteger os jogadores e os operadores e garantir que haja um negócio viável em andamento”.

Comentando sobre os aspectos positivos da estrutura do CPF, Redfearn-Tyrzyk descreveu o sistema como altamente benéfico, chegando a afirmar que alguns países europeus, como a Alemanha, “desejam possuir um”.

Com a experiência direta de um operador, Fraga afirmou que o principal benefício do sistema CPF é que oferece às pessoas uma única conta bancária e uma única identidade, auxiliando na responsabilidade social e nas práticas de antilavagem de dinheiro (AML).

“Por enquanto, o CPF é a melhor maneira de trazer clientes”, concluiu ele, acrescentando que o número do CPF também pode ser usado para enviar dinheiro por meio da rede de pagamentos PIX.

Resumindo o desenvolvimento de processos KYC no Brasil, Redfearn-Tyrzyk descreveu que o foco da IDnow é “utilizar as melhores práticas”, apresentando diferentes casos de uso aos seus clientes em potencial e existentes no país. “Apresentamos as melhores práticas, e eles escolhem o que é interessante e avaliam a percepção de risco deles”, observou. 

Concluiu ao dizer que se trata “sempre de fornecer perspectivas diferentes sobre um tópico bastante amplo que, neste momento, não temos 100% de certeza, mas já podemos fornecer soluções que tenho certeza de que cumprirão os regulamentos que surgirão”.

“É de responsabilidade dos operadores, mas também dos fornecedores, garantir que isso esteja em um ambiente seguro e que seja feito de maneira responsável”.