Bruno Henrique, atacante do Flamengo, é indiciado por fraude em competição esportiva

Bruno Henrique, atacante do Flamengo, é indiciado por fraude em competição esportiva

Na última segunda-feira, 14, Bruno Henrique, atacante do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) por fraude em competição esportiva. Além do atleta, outras 10 pessoas também teriam participado do esquema.

No dia 5 de novembro de 2024, Bruno Henrique foi alvo da operação Spot Fixing, deflagrada pela Polícia Federal em parceria com o Ministério Público do Distrito Federal (MPDF). Foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, executados nas cidades do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vespasiano, Lagoa Santa e Ribeirão das Neves. Os celulares de Bruno Henrique e também de Wander Nunes Pinto Júnior, irmão do jogador, foram apreendidos durante a operação. 

Foram encontradas, no celular de Wander, trocas de mensagens que comprometem Bruno Henrique e o ligam diretamente à manipulação de resultados. Com isso, o atleta foi indiciado por estelionato e fraude em competição esportiva.

De acordo com apuração realizada pelo portal Metrópoles, foram analisadas mais de 3900 conversas no WhatsApp de Bruno Henrique, sendo que muitas delas estavam vazias ou apagadas.

No entanto, foram encontradas mensagens comprometedoras no celular do irmão do atacante, que mostram o envolvimento do jogador no esquema para o recebimento de um cartão amarelo no duelo contra o Santos, em partida válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023.

Na conversa, Bruno Henrique é questionado pelo irmão sobre o fato dele estar pendurado (a um cartão amarelo de uma suspensão) no Brasileirão, e pede para que o atacante o avise quando for receber o terceiro amarelo. Confira trechos da conversa abaixo:

Wander: “O tio você está com 2 cartão no brasileiro?”

Bruno Henrique: “Sim”.

Wander: “Quando pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk”.

Bruno Henrique: “Contra o Santos”.

Na sequência da conversa, Wander questiona se Bruno Henrique conseguirá aguentar ficar até a data do jogo sem receber um cartão, e o atacante responde que não irá reclamar da arbitragem, e que só será advertido se “entrar forte em alguém”.

Com o sinal positivo do irmão, Wander responde: “Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso”.

De acordo a Polícia Federal, a troca de mensagens evidencia que Bruno Henrique passou informações antecipadas sobre o recebimento de um cartão.

Fonte: Portal Metrópoles

Vale ressaltar que, durante o período entre a primeira troca de mensagem e o jogo contra o Santos, Bruno Henrique recebeu três cartões amarelos. O atacante foi advertido nos duelos contra o Botafogo, Goiás e Corinthians.

Familiares envolvidos na manipulação

A polícia separou os envolvidos na manipulação em dois núcleos, sendo o primeiro composto por três familiares de Bruno Henrique: Wander Nunes Pinto Júnior (irmão), Ludymilla Araújo Lima (cunhada) e Poliana Ester Nunes Cardoso (prima).

O segundo núcleo é formado por Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andryl Sales Nascimento dos Reis, Max Evangelista Amorim e Douglas Ribeiro Pina Barcelos. Esses, de acordo com a investigação, são amigos de Wander.

Bruno Henrique e seu irmão foram indiciados no artigo 200 da Seção 1 da Lei Geral do Esporte. A seção versa sobre crimes contra a integridade e a paz no esporte, e o artigo fala sobre a tentativa de “Fraudar, por qualquer meio, ou contribuir para que se fraude, de qualquer forma, o resultado de competição esportiva ou evento a ela associado. A pena prevista para condenações nesses casos é de dois a seis anos de reclusão. Os dois também foram indiciados por estelionato, que tem pena prevista de um a cinco anos de cadeia. Os outros oito envolvidos foram indiciados por estelionato.

Ligação foi realizada na véspera da partida contra o Santos

As conversas entre Bruno Henrique e Wander também mostram o registro de uma ligação entre os irmãos. De acordo com a PF, o atacante teria ligado para o irmão para confirmar que iria, de fato, receber o cartão.

Fonte: Portal Metrópoles

Investigação teve início a partir de relatórios da IBIA e Sportradar

A investigação começou por conta de relatórios realizados pela International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, entidades que fazem análise de risco. De acordo com os relatórios, o jogo teve um volume acima do normal de apostas em cima de um cartão amarelo para Bruno Henrique.

Uma casa de apostas reportou um aumento de 98% do que era esperado para a aposta em questão (cartão amarelo para Bruno Henrique), o que motivou o fechamento de novas apostas na ação. Também chamou a atenção o fato de que grande parte das apostas foram feitas de Belo Horizonte, cidade natal do atacante. Muitas dessas, inclusive, foram feitas de contas criadas momentos antes do início da partida.

Caso foi arquivado pelo STJD

O processo apontou que 14 apostas foram feitas pelos envolvidos na manipulação. Foram apostados R$ 5.624,58 em três operadoras, retornando R$ 17.007,01.

O baixo valor – lucro de apenas R$ 11.364,43 motivou o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) a arquivar o caso na primeira análise, sob a análise de que o “eventual lucro com as apostas seria ínfimo quando comparado ao salário mensal do atleta”.

Vale ressaltar, no entanto, que na ocasião, o STJD não tinha em mãos o relatório completo da Polícia Federal. Paulo Emílio Dantas Nazaré, procurador-geral do órgão, solicitou o compartilhamento do relatório e todas as provas colhidas durante a investigação. Com isso, o caso será reaberto e analisado mais uma vez pelo STJD, que poderá, caso ache necessário, aplicar medidas e penas dentro do âmbito desportivo.

Flamengo ressalta presunção de inocência; Bruno Henrique segue em silêncio

O Flamengo se manifestou na noite desta terça-feira, 15, por meio de nota oficial. O clube reafirmou seu compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defendeu a aplicação do princípio constitucional de presunção de inocência.

Confira a nota na íntegra: “O Flamengo não foi comunicado oficialmente por qualquer autoridade pública acerca dos fatos que vêm sendo noticiados pela imprensa sobre o atleta Bruno Henrique. O Clube tem compromisso com o cumprimento das regras de fair play desportivo, mas defende, por igual, a aplicação do princípio constitucional da presunção de inocência e o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa, valores que sustentam o estado democrático de direito”.

Bruno Henrique, até o momento da reportagem, não se manifestou. A última postagem do atacante nas redes sociais foi o compartilhamento de um Story às 12h32 no Instagram. Nele, o atacante promove o duelo contra o Juventude, marcado para esta quarta-feira, 16. Até o momento, Bruno Henrique segue na lista de relacionados para a partida.