Líderes evangélicos publicam carta contra legalização de cassinos

Líderes evangélicos manifestam contra legalização de cassinos
Crédito editorial: Thiago Domingues Vieira / Shutterstock.com

Nesta terça-feira, 2, líderes evangélicos do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (CIMEB) lançaram uma carta pública contra o Projeto de Lei (PL) nº 2.234/2022, que deve legalizar cassinos, jogo do bicho e bingo no Brasil. Intitulada “Carta de Repúdio à Aprovação da Jogatina”, a mensagem é assinada por figuras influentes do meio evangélico, como Silas Malafaia, Estevam Hernandes, Robson Rodovalho e César Augusto, e ameaça expor os nomes dos senadores que votarem a favor da proposta.

Entre os argumentos apresentados estão risco de endividamento das famílias, aumento da criminalidade, impactos negativos à saúde mental da população e possibilidade de lavagem de dinheiro.

A movimentação do CIMEB se soma à mobilização da Frente Parlamentar Evangélica, que já havia declarado oposição ao PL. O presidente da frente, deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP), afirmou que o avanço da proposta pode agravar os problemas sociais já enfrentados com as apostas on-line.

“É só olhar o impacto das bets. Agora querem trazer os cassinos físicos”, declarou em entrevista.

Apesar das resistências, o projeto avança com apoio do governo e do setor de turismo. O relator da proposta, senador Irajá Abreu (PSD-TO), estima que a medida possa gerar até R$ 20 bilhões por ano em arrecadação de impostos e criar 1,5 milhão de empregos. Segundo ele, a regulamentação tiraria a atividade das mãos do crime organizado e traria segurança jurídica para investidores.

Legalização de cassinos é vista como positiva no turismo

O ministro do Turismo, Celso Sabino, é um dos principais entusiastas da medida. Em declarações recentes, defendeu que a aprovação dos cassinos físicos pode fomentar o turismo e impulsionar a geração de empregos no país. Para Alexandre Sampaio, da Confederação Nacional do Turismo, a proposta pode revitalizar a economia de regiões inteiras, especialmente em destinos turísticos como Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Manaus e o litoral nordestino.

Grandes operadoras internacionais, como MGM Resorts e Caesars Palace, já demonstraram interesse em investir no Brasil caso o mercado seja legalizado, enxergando o país como um dos destinos mais promissores do mundo para o turismo de jogos.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), tenta costurar um acordo com lideranças partidárias para votar o texto ainda neste semestre. No entanto, segundo interlocutores, ainda não há consenso entre os partidos — a resistência do PL e da bancada evangélica continua sendo um dos principais entraves.

Se for aprovado pelo plenário do Senado sem alterações em relação ao texto da Câmara, o projeto seguirá para sanção presidencial. O presidente Lula já declarou, em junho de 2024, que não pretende vetar a proposta.

Enquanto isso, cresce a polarização em torno do tema. De um lado, líderes religiosos e parte do Congresso alertam para os riscos sociais e morais; do outro, setores econômicos e parlamentares ligados ao turismo defendem os ganhos financeiros e o potencial de desenvolvimento. A votação no plenário será decisiva para definir qual dessas visões prevalecerá.