Operação prende seis suspeitos de participação em esquema de manipulação que movimentou R$ 11 milhões

Operação prende 6 suspeitos de participação de esquema de manipulação

Nesta quarta-feira, 9, a operação Jogada Marcada, da Polícia Civil de Goiás, prendeu seis pessoas suspeitas de participação em um esquema de manipulação de resultados em jogos de futebol. Um dos investigados segue foragido.

Entre os presos, estão Dguerro Batista Xavier, ex-árbitro de futebol da Paraíba, Ivan Barros, ex-presidente do Crato, clube do Ceará, dois aliciadores de atletas e dois ex-jogadores. Os mandados de prisão foram cumpridos no Ceará, Espírito Santo, Maranhão e Paraíba. De acordo com a polícia, um dos investigados movimentou R$ 11 milhões desde 2022, data de início da investigação.

Como funcionava o esquema de manipulação?

De acordo com o delegado Eduardo Gomes, titular do Grupo Antirroubo a Banco, a investigação identificou uma estrutura hierárquica do grupo, composta por três núcleos: financiadores (empresários e apostadores), aliciadores (responsáveis por intermediar a proposta ilícita aos atletas) e executores, que incluem jogadores, treinadores e também dirigentes dos clubes.

«Eles pegam os valores investidos pelos financiadores e com a certeza de que o resultado vai acontecer, realizam grandes apostas nas casas de apostas online, tendo um retorno até três vezes maior que o valor investido», explicou Gomes.

O caso foi descoberto de uma maneira curiosa. Em 2023, o aliciador entrou em contato com Marco Antônio Maia, presidente do Goianésia Esporte Clube, oferecendo quantias elevadas para que ele interferisse em partidas do próprio time no Campeonato Goiano, ou que conseguisse que algum time do estado disputasse a Série D do Campeonato Brasileiro.

O que o aliciador não sabia é que Maia, além de presidente do Goianésia, também era delegado da Polícia Civil. Ele denunciou o grupo em 2023, logo após receber a proposta. De acordo com o delegado, o aliciador oferecia valores que variavam entre R$ 300 mil a R$ 500 mil por jogo manipulado.

Caso Crato é investigado pela operação

O ex-presidente do Crato, Ivan Barros, esteve entre os presos pela Operação Jogada Marcada. A investigação foi iniciada após o clube sofrer uma goleada por 9 a 2 para o Atlético-CE, em jogo válido pelo Campeonato Cearense de 2022.

Na ocasião, o clube foi suspenso pelo Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol do Ceará (TJDF-CE) por suspeita de manipulação de resultado. Na época, a Federação apresentou relatórios feitos pela Sportradar, que apontavam “gravíssima constatação de manipulação de resultados”.

Os relatórios da empresa na época apontavam que os padrões de apostas e informações atuais forneciam indicações de que o Crato havia sido, potencialmente, cúmplice na manipulação.

Brino Júnior, advogado de Ivan Barros, enviou uma nota ao ge sobre o caso: “Estamos buscando acesso aos autos pois o processo tramita em segredo de Justiça, junto à Justiça do Estado de Goiás. Temos a certeza da inocência, assim como restou apurado e ele absolvido junto ao Tribunal de Justiça Desportiva do Ceará ainda em 2022. Que a investigação é completamente extemporânea em 2025, analisando fatos de 2022, onde o Cleison Ivan Barros já não atua com o Futebol desde meados de 2022, portanto é uma prisão ilegal e arbitrária, e que estamos no aguardo do acesso completo da investigação para concluir manifestação da defesa”.