Katie Simmonds, SIGA: integridade esportiva no Brasil

Atleta feminina tomando água para destacar sobre o evento SIGA Women e a integridade esportiva
Créditos: Shutterstock

O SBC Notícias Brasil participou do SIGA Summit on Female Leadership in Sport – Brazil Edition, da Sport Integrity Global Alliance (SIGA) – em parceria com a SIGA LATIN AMERICA e a SIGA Women -, que aconteceu no dia 12 de maio em São Paulo.

Durante o evento, o portal conversou com Katie Simmonds, diretora comercial global (COO) da SIGA e presidente da SIGA Women.

Katie Simmonds, CCO da SIGA, no SIGA Women Brazil em São Paulo

Além de destacar o principal objetivo da SIGA para o mercado brasileiro, Simmonds reforçou os maiores desafios para garantir integridade esportiva em um mercado ainda imaturo, como o brasileiro. 

Simmonds mencionou que o evento acontece em diferentes lugares do mundo, incluindo Dubai e Nova Iorque. A edição inaugural no Brasil está fortemente relacionada à SIGA LATIN AMERICA, subsidiária da SIGA, que possui escritório em São Paulo.

Além disso, a CCO comentou que o programa SIGA Women possui cerca de 15 mentoras globais originárias do Brasil e de outros países da América Latina – o evento foi desenvolvido para atrair mais mulheres e marcas à iniciativa. 

“Minha ambição é ampliar isso [SIGA Women]. Eu não estou satisfeita com o número que temos hoje, que é 300 mulheres. Mas por que não transformamos em 1.000 ou 10.000? Para isso, precisamos que os patrocinadores se unam a nós”, disse Simmonds, explicando a importância da organização estar presente em território nacional.

Quando questionada sobre o impacto do evento no mercado brasileiro de apostas on-line, ratificou que a SIGA LATIN AMERICA possui 20 empresas do setor como membros. Com a regulamentação da indústria no país, tais empresas precisam estar associadas a órgãos globais de integridade esportiva, como a SIGA. 

Um dos objetivos de Simmonds, conforme citou durante a entrevista, é criar um painel dedicado à integridade esportiva no mercado de apostas on-line para o próximo evento. 

Além disso, a CCO visa adicionar mais atletas femininas à agenda, “porque competições esportivas femininas não são imunes às apostas esportivas – inclusive, são provavelmente mais vulneráveis”. 

Em Nova Iorque, Simmonds trouxe o tópico à discussão, e o evento contou com a participação de grandes nomes do esporte feminino, o que a CCO planeja implementar na edição do Brasil. 

Assim como outras organizações globais de integridade esportiva, a SIGA pretende prevenir a corrupção no esporte, incluindo a manipulação de resultados, por meio de trocas de informações eficientes e de uma boa coordenação no Brasil e no mundo.  

Simmonds contou, ainda, que a SIGA está em contato com órgãos reguladores, operadores, entidades esportivas e o governo para instituírem os SIGA Universal Standards on Sport Integrity (Padrões Universais de Integridade Esportiva da SIGA, em português). Para a indústria de apostas on-line, a SIGA almeja ser a “organização independente” responsável por ajudar a estabelecer tais padrões e fornecer certificações.

Integridade esportiva e publicidade de apostas

“Eu acho que tudo é sobre programas educacionais”, afirmou a CCO, destacando que é preciso pensar nos “consumidores, nos fãs e no grupo mais jovem e os próprios atletas” e como é possível protegê-los de potenciais problemas relacionados à manipulação de resultados.  

Um dos membros da SIGA especialista em soluções globais é, inclusive, encarregado de ouvir as histórias de jogadores problemáticos para fazer uma colaboração com tais membros globalmente e em diferentes idiomas. Para Simmonds, a educação é fundamental e precisa vir de entidades esportivas, principalmente; afinal, como pontuou a COO, as marcas também não querem correr riscos reputacionais.

Dessa forma, a parceria entre esportes e marcas de apostas ainda possui valor comercial, investimento em educação e no programa educacional da SIGA, uma vez que permitiria que as empresas provassem que são responsáveis e que há um relacionamento saudável entre ambos os lados.

“Eu acredito que o Brasil tem uma grande oportunidade de fazer o certo”, disse Simmonds quando questionada sobre a visão dela em relação ao mercado brasileiro. 

“O mercado nacional pode aprender com os erros feitos na Europa e em outros países, incluindo os Estados Unidos”, acrescentou a CCO, afirmando acreditar que o Brasil está caminhando para a “direção correta”, especialmente pela exigência da legislação vigente sobre a união de operadores a associações de integridade para a obtenção da licença federal. Para Simmonds, a medida demonstra a importância da integridade no setor para o governo.

“A integridade não tira folga, então, precisamos vigiar o tempo todo”, afirmou em tom descontraído.  

Antes de finalizar a conversa com o portal, Simmonds destacou quais são os principais desafios para garantir integridade esportiva em um mercado imaturo e ainda em crescimento – como o do Brasil. 

A CCO comentou que todas as partes envolvidas precisam atuar em conjunto para atingir o resultado esperado: “Não ter uma liga unificada de futebol é um dos fatores que mostram um menor desenvolvimento em termos de futebol profissional. Mas eu realmente acho que o esporte brasileiro é muito empolgante e dinâmico. A governança, no entanto, precisa de muito investimento – e as apostas esportivas são uma fonte legítima para recuperar esse investimento. Por outro lado, podem ser uma fonte de risco em dobro. Por isso, acredito que o governo, as organizações esportivas e os operadores precisam trabalhar juntos”.