Senador Eduardo Girão: “tem que tributar alto e proibir propaganda de empresas de apostas”

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Em entrevista à TV Senado, o senador Eduardo Girão (NOVO-CE), falou sobre manipulação de resultados em jogos de futebol e como a regulamentação das apostas pode prevenir ações fraudulentas. 

Com a criação da Comissão de Esportes no Senado Federal, o parlamentar espera que a pauta ganhe mais visibilidade: “A manipulação de resultados é a ponta do iceberg. O que está por trás disso é algo muito pernicioso para a sociedade. Há pessoas que estão se endividando, e um dia essa conta vai chegar”.

Girão, que já foi presidente do Fortaleza Esporte Clube, garante que os clubes não precisam do dinheiro de patrocínios: “Eu chamo de dinheiro maldito, porque ataca a população vulnerável. Quantos milhões de brasileiros estão caindo nessa armadilha hoje? O Senado precisa agir rápido, porque a gente sabe que o lobby é poderoso. A cada dia que passa, são bilhões de reais que estão sendo negociados”.

Ainda, o senador manifestou-se contra a publicidade de empresas de apostas esportivas em quaisquer locais e canais de comunicação. Para Girão, a publicidade em apostas é “inadmissível” e deve ser banida.

“Minha válvula de escape é assistir a jogos de futebol. E está difícil assistir. Nas arenas esportivas, há ‘aposte, aposte, aposte’. 19 clubes da Série A contam com patrocínio de casas de apostas. Jogadores, que são a expressão do clube e que geram identidade com o torcedor, estão fazendo propaganda”. 

Durante a conversa, Girão relembra uma das principais propostas protocoladas por ele: “Gosto de comparar [as apostas] ao álcool. Um dos meus primeiros projetos foi acabar com a bebida alcoólica dentro de estádios. A pessoa não pode passar duas horas sem beber para ter um momento saudável com a família e evitar problemas? O lobby é poderoso aqui também”. 

O parlamentar também acredita que, embora a maioria dos jogadores seja comprometida com a integridade esportiva, a indústria de apostas influencia negativamente a atitude de alguns atletas – e, consequentemente, a manipulação de resultados.

“Os jogos de azar são um vício e fazem que a essência e a pureza do futebol sejam perdidas. [As apostas] atacam o âmago do ser com o vício, mas envolvem muito dinheiro. Já tivemos várias ações do MP [Ministério Público] que revelaram aos brasileiros diversos casos de manipulação de resultados”, argumentou o senador.

Contudo, Girão não defende que o Campeonato Brasileiro, alvo de diversas denúncias de fraude em jogos e em apostas entre o final do ano passado e o início de 2023, seja paralisado.

“Não sei se precisa chegar ao extremo [de paralisar o Campeonato Brasileiro], devido à manipulação. O Compliance está funcionado, além de gerar emprego e possuir estrutura de um planejamento. A conduta deve ser individualizada”, pontuou.

O senador, ainda, alertou: “Tem que tributar alto para evitar manipulação. Tem que proibir propaganda em camisetas e em arenas e não permitir que jogadores façam merchandising, para que o esporte, que é paixão mundial, não perca sua essência”.