Clubes “precisam fazer seu trabalho de marketing para mostrar às ‘bets’ o benefício para elas”, diz Manssur

Manssur: indústria de apostas é positiva para esportes

O setor de apostas e de jogos on-line no Brasil tem um crescimento de raízes diretamente ligado ao esporte – quer com patrocínios a times, a ex-jogadores, canais de streaming, campeonatos etc.

Na mente do brasileiro, o esporte e as casas de apostas já estão intimamente conectados. Para o ex-assessor especial da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda, José Francisco Manssur, o setor privado tem “apetite para patrocinar o esporte como há tempos não via” e os clubes “precisam fazer seu trabalho de marketing para mostrar às bets [casas de apostas] o benefício para elas”.

O ex-assessor teve papel na elaboração da regulamentação de apostas esportivas e de jogos on-line no país. Em sua fala no CBC & Clubes EXPO, em Campinas, reforçou que o valor movimentado pela indústria no Brasil entre 2021 e abril de 2024 equivale a 1% do PIB do país.

“Eu acho interessante e positivo que novamente um setor privado [apostas] tenha despertado o interesse em patrocinar o esporte. A começar pelo futebol. A gente sabe o quanto é duro manter o esporte olímpico no país. Esta seria uma contrapartida, uma forma de investir na base, no esporte feminino. E as empresas fazem porque é importante para a sua atividade, não é mais uma ajuda, um favor”, argumentou.

Em entrevista à SBC Leaders Magazine, com prévia exclusiva desta matéria no SBC Notícias Brasil, Fábio Wolff, diretor da agência de patrocínios Wolff Sports & Marketing e um dos criadores da Brasil Ladies Cup, torneio que organiza amistosos na pré-temporada do futebol brasileiro, falou sobre o mercado inexplorado de patrocínios. Ele destacou que as empresas de apostas não apenas podem, mas devem olhar para esse setor e aproveitar a oportunidade de se estabelecerem como pioneiras.

“No esporte feminino brasileiro, é muito fácil se tornar um pioneiro porque grandes times, como o Corinthians, ainda têm espaço disponível para patrocínio nas camisas. Ainda há muito espaço para as marcas crescerem”, comentou Wolff durante a conversa.

 A indústria das apostas, saturada e altamente competitiva, exige estratégias de marketing multifacetadas, focadas em branding e conexão com o consumidor. Essa diferenciação pode ser decisiva na escolha do usuário entre uma marca e outra.

“Se a consciência de marca não fosse importante, a Coca-Cola não precisaria de publicidade”, brincou Wolff. Ele lembrou como a LG, ao entrar no Brasil sem reconhecimento, ganhou destaque ao patrocinar o São Paulo, gravando seu logo na memória dos torcedores.

Durante sua palestra, Manssur relembrou que a “regulamentação é um corpo vivo, sempre pode melhorar o que não está funcionando”, e que as questões que envolvem a ludopatia e o jogo responsável podem ser resolvidas com a publicidade clara e responsável, além da regulamentação rígida.