Ter uma ferramenta de pagamentos rápida, intuitiva e que não interfere de maneira drástica na jornada do usuário, é essencial para o sucesso dos operadores de apostas esportivas e jogos on-line. Visando entender as tendências do mercado latino-americano, foi realizado, durante o SBC Summit Latinoamérica, o painel Evolution of Payments in LatAm.
A sessão contou com a participação de Galina Bineva, diretora comercial da OKTO, Elisa Jordan, CCO da Prontopaga e Melissa Lamb, diretora de mercados emergentes da Paybrokers. Ileana Volpe, pesquisadora no setor de desenvolvimento de negócios da Neosurf, foi a mediadora.
Volpe abriu a sessão perguntando às companheiras do painel quais as tendências que têm sido vistas no universo de apostas esportivas, e o que elas esperam para o futuro.
Jordan ressaltou a importância dos métodos alternativos de pagamento (APM, sigla em inglês), que vem aumentando em todos os mercados da região.
Pix mudou o jogo
Mas, segundo a CCO da ProntoPaga, a maior mudança no continente veio por conta do pix. A ferramenta foi responsável por mudanças nos métodos de pagamento em diversos países da região. “Quando começamos no Chile, os pagamentos de prêmios demoravam de 24 a 48h. Hoje, o padrão é o pagamento instantâneo”, afirmou Jordan.
“Todos os mercados são diferentes, mas caminham para a mesma direção, ainda que em ritmos diferentes”, completou Jordan.
Lamb também ressaltou a importância do pix no mercado brasileiros. Hoje, o pix é o método de pagamento mais utilizado no país. Em 2023, foram realizadas cerca de 42 bilhões de transações via pix, um aumento de 75% em relação a 2022. Hoje, o Brasil é o segundo maior mercado de pagamentos instantâneos do mundo, e é responsável por 75% das transações em toda a América Latina.
“No mercado de jogos, espera-se um aumento ainda maior da porcentagem das transferências realizadas via pix. As tecnologias se movimentam em direção a mecanismos de pagamentos rápidos, seguros e baratos”, ressaltou Lamb.
Galina, questionada sobre as diferenças do mercado latino-americano e europeu, apontou os motivos que levam a essa situação: “Temos mecanismos específicos em cada mercado, que é fragmentado. Uma vez que essa questão melhorar, os operadores conseguirão incrementar a experiência do cliente”
“O patamar regulatório também é bem diferente. Ele é bem desenvolvido e alinhado na Europa, enquanto na América Latina ainda está em desenvolvimento. Existem incertezas, estamos vendo o que está acontecendo no Brasil agora… Alguns países já passaram por esse processo, e outros estão no caminho”, ressaltou Galina.
Apesar do atraso do mercado latino americano em assuntos regulatórios, Galina apontou que existem pontos exemplares da região: “O pix foi desenvolvido durante a pandemia de COVID-19, e sabemos a revolução que foi. Muitos países europeus estão querendo copiar isso, então é uma via de mão dupla”.
Lamb vê a confiança como um fator chave de diferença entre os dois mercados: “Esses mercados europeus são mais desenvolvidos, então existe uma diferença grande na confiança. Por isso é muito importante fazer com que o consumidor e jogador do mercado latino americano confie em nós. Isso só é possível com muito suporte”.
O pix, segundo Lamb, será um grande aliado para auxiliar na penetração do mercado brasileiro. “O pix é instantâneo, 24h por dia e gratuito. Então os jogadores têm a confiança de saber que tudo é instantâneo. Sem um sistema como esse, você não tem engajamento e uma grande retenção do jogador”.
Regulamentação da América Latina traz atritos
Como não poderia ser diferente, o tópico da regulamentação das apostas esportivas e jogos on-line na América Latina foi muito abordado dentro do painel. Questionada sobre as mudanças que os provedores de pagamento passaram durante o processo, Jordan foi taxativa: “A pergunta mais interessante não é como os provedores de pagamento vão se adaptar, e sim como podemos melhorar nosso serviço para os operadores, melhorando seus ganhos”.
“Um exemplo rápido é o Brasil. A mensagem que deixo aos operadores é: não deixe que ninguém toque no seu dinheiro. Temos que oferecer uma segurança adicional em que não tocamos no dinheiro, abrindo uma conta direta em um banco. Dessa maneira, fornecemos apenas a tecnologia. Eu sinto que esse é um desafio, e que precisamos nos adaptar”, completou Jordan.
Galina apontou para os atritos que esse movimento regulatório está trazendo no Brasil: “A incerteza na regulamentação está criando atritos entre os operadores. Talvez as coisas mudem quando entrar em vigor, mas acredito que alguns operadores podem esperar para ver como tudo correrá. Estamos em novembro e ainda passando por mudanças, o que é algo arriscado”.
Lamb apontou para a necessidade de união nesse momento crítico para o mercado brasileiro:“Precisamos trabalhar juntos, todos os prestadores de serviços dessa indústria. Existe um sistema muito rígido sendo implementado no Brasil, todos estão passando por dificuldades, mas isso vai evoluir.”
“O Brasil será fantástico. É um mercado maravilhoso para se observar nos próximos anos. Eu estou, sem dúvidas, animada para o início da vigência da regulamentação”, concluiu Lamb.