A poucos dias do SBC Summit Americas, o SBC Noticias, site-irmão do SBC Notícias Brasil, analisou a indústria de jogos no Peru. Nos últimos anos, o setor de jogos on-line peruano passou por uma transformação notável. O mercado consolidou-se como um segmento dinâmico dentro do cenário econômico e de entretenimento do país.
No entanto, no ano passado, o Poder Executivo peruano determinou que o setor de jogos online e as apostas esportivas estariam sujeitos ao Imposto Seletivo ao Consumo (ISC), uma decisão que gerou muita controvérsia. Embora inicialmente fixado em 1%, o imposto foi posteriormente reduzido para 0,3%, com validade até julho de 2025.
Pablo Viana, gerente Latam do Grupo RETAbet, concedeu uma entrevista exclusiva ao SBC Noticias para falar sobre a evolução da empresa no Peru, sua visão geral sobre o impacto do ISC na indústria e antecipou alguns dos temas que serão discutidos durante o painel do SBC Summit Americas 2025, do qual participará.
SBC Noticias: Você começou a trabalhar no Grupo RETAbet há sete anos. Como evoluiu seu papel dentro da empresa desde então até sua posição atual como gerente Latam? E quais aprendizados-chave você obteve liderando a operação da RETAbet na América Latina?
Pablo Viana: Comecei na RETAbet como estagiário, com muito entusiasmo e muita sede de aprender. Rapidamente fui subindo de posição e confiaram em mim para lançar a primeira expansão internacional do grupo no Peru. Desde então, têm sido anos super desafiadores e intensos.
Hoje lidero uma equipe com mais de 100 pessoas e enxergo grandes oportunidades de crescimento na região. Os aprendizados foram muitos (e continuam diariamente), e não há fórmula mágica além de trabalhar com consistência, construir uma estrutura sólida, investir de forma eficiente e manter uma proposta de valor coerente ao longo do tempo.
SBC Noticias: Este ano marca cinco anos desde que a empresa abriu sua primeira loja no centro de Lima. Como cresceu a presença da companhia no país desde então e quais marcos você destacaria?
Pablo Viana: Viemos com um produto mínimo viável, com o objetivo de acompanhar a regulação enquanto dávamos pequenos passos. Posso dizer que passamos quatro anos desenvolvendo o produto e a equipe para poder competir de verdade no mercado. Hoje, acredito que temos uma proposta de valor e um produto muito competitivo — e os números mensais confirmam isso.
Ainda temos um enorme potencial de crescimento. Estamos num mercado de hiper crescimento, onde tudo acontece muito rápido e competimos com empresas que ganham participação a “qualquer preço”. Nós, por outro lado, seguimos firmes em nosso compromisso de crescer de forma sustentável e rentável. Já vimos muitas empresas entrarem com força e saírem do mercado nesses anos, então temos bastante clareza sobre qual é o nosso caminho.
SBC Noticias: No ano passado, vocês renovaram o contrato com Roberto “El Chorri” Palacios como embaixador. O que ele representa para a marca e como tem contribuído para fortalecer a imagem da empresa no país?
Pablo Viana: El Chorri Palacios é uma das figuras que utilizamos para reforçar nossa imagem de confiança no Peru. Fomos cautelosos com investimentos em marketing até entender bem a regulação. No último ano, demos um impulso nessa área.
SBC Noticias: Você participará da conferência “O mercado de apostas em evolução no Peru: o impacto das licenças”, durante o SBC Summit Americas 2025. Qual é sua visão geral sobre o novo marco regulatório e o impacto do Imposto Seletivo ao Consumo?
Pablo Viana: Participarei ao lado de grandes especialistas no painel do SBC Summit Americas. No ano passado, não fui palestrante, e sempre gosto de compartilhar meu ponto de vista com outros profissionais. Também gosto de assistir às palestras, porque se aprende muito. Tento manter uma visão positiva sobre o novo marco regulatório.
Acredito que o Ministério do Turismo do Peru, liderado por Yuri Guerra, fez um grande trabalho e esforço para implementar uma regulamentação que considero boa, de forma geral, nos aspectos técnicos e tributários. O problema veio com a aplicação de um ISC completamente desproporcional, que coloca o setor em risco. Temos até junho para reverter isso; caso contrário, vejo um futuro muito complicado para o setor no país.
SBC Noticias: Na sua visão, quais são os principais desafios técnicos e operacionais enfrentados por operadores como a RETAbet para se adaptar ao novo regime normativo?
Pablo Viana: A RETAbet conta com uma plataforma tecnológica própria, desenvolvida 100% internamente, e isso nos ajudou a nos adaptar às novas exigências. Mas é, sim, uma regulação bastante técnica. Posso dizer que a adaptação foi bem-sucedida, mas a fiscalização e as auditorias anuais já começaram. Portanto, é necessário seguir inovando para estar à altura das exigências do mercado e, ao mesmo tempo, cumprir todos os requisitos regulatórios.
SBC Noticias: Você acredita que a implementação do ISC pode incentivar a migração de jogadores para plataformas não reguladas? Que medidas o regulador deveria considerar para evitar isso?
Pablo Viana: Sem dúvida, acredito que o ISC, da forma como está previsto, é prejudicial tanto para os operadores quanto para os jogadores. Já observamos várias plataformas ilegais no mercado e, se o ISC continuar em 1% e for repassado ao jogador, arrisco dizer que o jogo ilegal crescerá de forma alarmante. Isso resultaria em menor arrecadação e menor proteção ao jogador — justamente os dois objetivos principais de se regulamentar uma indústria. Confio que a lei será modificada. Com um ISC justo e as normas já existentes sobre publicidade, acredito que o jogo ilegal pode ser controlado no país.
SBC Noticias: Este ano você será jurado no SBC Awards Americas 2025. O que significa para você assumir esse papel e quais critérios pessoais considera essenciais ao avaliar os indicados?
Pablo Viana: Adoro ser jurado no SBC Awards porque me permite conhecer o que as empresas mais inovadoras do setor estão fazendo. No ano passado, no SBC Summit Lisboa, a RETAbet foi premiada como operadora do ano, e foi uma alegria imensa. Por isso, fico especialmente animado em ver outras empresas e colegas vivenciarem essa mesma emoção.
