ANJL rebate estudo do Banco Central sobre gastos de Apostadores do Bolsa Família

ANJL

A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), representante de diversas casas de apostas esportivas do país, divulgou ontem, 3, um comunicado questionando o estudo do Banco Central (BC) sobre os gastos de beneficiários do Bolsa Família em apostas esportivas e jogos on-line.

De acordo com a associação, a estimativa de gasto dos beneficiários ficou na casa de R$ 450 milhões por mês, valor cerca de 6 vezes menor do que os R$ 3 bilhões divulgados pelo BC na última semana.

“Ao contrário do que fez parecer a nota divulgada pelo Banco Central, os beneficiários do programa Bolsa Família não estão gastando parte significativa da transferência de renda com apostas on-line”, afirmou o ANJL. 

Após a divulgação do estudo preliminar, foi vista uma ofensiva muito forte por parte do governo federal e boa parte do congresso. Lula, em reunião ministerial realizada nesta quinta, afirmou que a situação tem que ser tratada como uma “questão de dependência”.

A ANJL também aponta um erro de cerca de R$ 8 bilhões no levantamento realizado pelo Banco Central. De acordo com o documento apresentado, 56 empresas receberam R$ 20,8 bilhões em transferências apenas em agosto. 

De acordo com a associação, existe uma possibilidade de que o Banco Central tenha calculado os valores em duplicidade, inflando o volume total transacionado na plataforma como gasto das pessoas apenas. “Como, em média, 85% do valor retorna os apostadores, somente nesse ponto haveria um erro de mais de R$ 8 bilhões na base de cálculo do BC”, afirma a ANJL.

De acordo com a associação, outra questão preocupante do estudo é que o perfil do Beneficiário do Bolsa Família não bate com o do apostador brasileiro. O estudo aponta a participação de 5 milhões de beneficiários, sendo 3,5 milhões chefes de família. De acordo com dados do próprio governo, cerca de 80% destes são mulheres, o que não bate com o público de sites de apostas, majoritariamente masculino.

Metodologia da nota técnica não foi divulgada

A ANJL enviou um ofício questionando a metodologia da nota técnica ao BC, mas não obteve respostas.

“Os microdados que embasam essas afirmações ainda não foram tornados públicos, então não é possível fazer as validações necessárias para que se repliquem as conclusões do estudo do BC. É uma situação muito grave e até mesmo inédita em situações similares. O Banco Central divulgar publicamente um estudo e bloquear a base desse estudo é, no mínimo, incoerente, para não se dizer ilegal e contrário aos princípios mais básicos do direito, dentre os quais a publicidade, a ampla defesa e o contraditório”, afirmou o comunicado da ANJL”.

“De qualquer forma, reitera-se a importância de que o Banco Central traga à luz os dados e informações que basearam a sua nota técnica. Afinal, como demonstrado, há vários indícios no sentido de que pode ter havido algum equívoco no levantamento dos dados ou na definição das premissas adotadas no estudo”, finalizou a associação.