O Banco Central do Brasil (BCB) publicou uma nota técnica, que foi solicitada pelo senador Omar Aziz (PSD-AM), sobre o gasto dos brasileiros com apostas e jogos on-line em 2024, afunilando então a pesquisa para os beneficiários do Bolsa Família.
De acordo com o estudo, que o BCB reconhece ser inicial e ainda será aprofundado, somente em agosto deste ano, pelo menos R$ 3 bilhões teriam sido destinados a casas de apostas via Pix por beneficiários do Bolsa Família, programa federal de transferência de renda para famílias de baixa renda.
A pesquisa mostrou que 24 milhões de pessoas fizeram apostas ou participaram de jogos on-line desde o início de 2024. Isso equivale a 11,3% da população brasileira estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para agosto de 2024.
De janeiro a agosto deste ano, os brasileiros gastaram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês com apostas, nesse montante se dividem as loterias da Caixa Econômica Federal, os jogos on-line e as apostas esportivas. A estimativa do BCB é que 15% do valor aplicado permaneceu com as casas de apostas, e os outros 85% voltaram em forma de prêmio para apostadores.
Ainda segundo o levantamento, a maior parte dos apostadores tem idade entre 20 e 30 anos. Para os mais jovens, o valor médio enviado teria sido na faixa de R$ 100. Para os mais velhos, o valor ultrapassaria R$ 3 mil por mês.
Bolsa Família
Do perfil do Bolsa Família, 5 milhões de beneficiários teriam destinado parte da renda para apostas. A média dos gastos seria de R$ 100. Dentre os apostadores, 4 milhões (70%) seriam dos chefes de família, que recebem o benefício, e teriam enviado R$ 2 bilhões (67%) via Pix para as casas de apostas.
De acordo com o relatório, a justificativa para que pessoas em condição de baixa renda apostem é o discurso a favor da renda extra, que é proibido por lei. As apostas foram legalizadas em 2018 durante a gestão do então presidente Michel Temer pela Lei nº 13.756/2018. Além disso, já estão em vigor regras de publicidade responsável publicadas pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) no Anexo X.
O tópico de aplicação de renda dos mais pobres foi retomado pelo presidente Lula em um evento organizado pelo Brasil e pela Espanha em Nova Iorque, nesta terça-feira (24).