Cassino no Uruguai deve ser inaugurado em 2026, Brasil ainda discute legalização de cassinos

Cassino no Uruguai deve ser inaugurado em 2026, Brasil ainda discute legalização de cassinos
Eduardo Rocha Paz / Shutterstock.com

O Cipriani Ocean Resort & Club é um ambicioso projeto de cassinos em Punta del Este, no Uruguai, localizado na parada 12 da praia Brava, onde antes funcionava o hotel San Rafael. Em abril, foram captados U$ 190 milhões em financiamento para dar continuidade à construção do hotel, cassino, centro de convenções e da primeira de três torres residenciais do megaprojeto que pretende abrigar o edifício mais alto da América Latina.

Giuseppe Cipriani, CEO do Grupo Cipriani, concedeu uma entrevista à Forbes Uruguai para confirmar que o novo cronograma de obras prevê que o resort seja inaugurado “em setembro ou outubro de 2026”, conforme reportado pelo portal SBC Noticias.

Além disso, o executivo revelou que solicitou permissão para operar com um cassino on-line no projeto de Punta del Este, o que atualmente não é permitido no Uruguai.

“É como se você tivesse um telefone de 1986, sem internet. O que faz com esse telefone? Nada. É a mesma coisa. Hoje, a tecnologia e o on-line são fundamentais para o negócio. Não é algo que, se não acontecer, ainda haverá negócio. É preciso ter isso”, afirmou.

Cipriani explicou que todos os cassinos do mundo operam tanto fisicamente quanto on-line.

“Acredito que este governo vai resolver isso. Temos o maior investimento já feito neste país. Cumprimos com tudo, então acreditamos que o país também vai cumprir”, acrescentou o empresário italiano.

Brasil ainda engatinha na legalização de cassinos físicos

Enquanto países vizinhos como Uruguai e Argentina já aproveitam a expansão do mercado de cassinos, o Brasil ainda parece engatinhar e se prender aos fantasmas do passado moral para restringir a regulamentação no país – que já é um dos maiores mercados do mundo em apostas e jogos on-line.

O senador Irajá Abreu, relator do projeto da Lei dos Cassinos, como é conhecida, já afirmou em entrevista ao portal que o Brasil foi na contramão de outros países e optou por primeiro regulamentar os jogos on-line, e somente depois focar nos cassinos físicos, jogo do bicho e bingos.

Enquanto isso, senadores entram em embate sobre a legalização dos cassinos. Parlamentares religiosos demonstraram-se contrários ao texto, e a bancada evangélica no Senado já afirmou que tentará impedir a aprovação do PL.

“Vamos tentar impedir de todas as formas”, declarou o senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da Frente Parlamentar Evangélica no Senado, à coluna do Estadão.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), vice-presidente do grupo, reforçou: “Vamos trabalhar muito contra isso, mas muito mesmo”. 

Enquanto isso, a Polícia Federal já mudou de opinião duas vezes. A CNN Brasil publicou uma reportagem sobre a mudança de posicionamento da Polícia Federal (PF) em relação à legalização de cassinos físicos no Brasil.

Inicialmente, a PF havia demonstrado-se a favor da aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 2.234/22, que visa legalizar o funcionamento de cassinos e de bingos físicos em território nacional. No entanto, no final de 2024, a PF enviou outra nota ao gabinete com o novo posicionamento da corporação, assinada pelo mesmo delegado.

De acordo com a PF, a corporação não havia analisado as consequências da legalização de cassinos físicos no Brasil quando enviou o primeiro documento. Como justificativa, a PF esclareceu no documento: “O texto [PL dos Cassinos] leva a crer que haveria elementos suficientes de controle, mas, na verdade, legaliza condutas que se servem à prática de atividades criminosas”.

Maioria dos brasileiros não considera proibição algo eficaz

Segundo uma pesquisa do DataSenado, a maioria (¾) dos brasileiros entrevistados considera a proibição dos cassinos físicos ineficaz – apenas ¼ dos entrevistados afirmou que é capaz de reduzir significativamente a oferta dos jogos ilegais.

Mais de 50% das pessoas acredita que a legalização dos cassinos aumentará a arrecadação de impostos do Brasil, enquanto que um pouco mais de 20% afirma que não faria diferença e 9% acredita que haveria a redução nos valores arrecadados.

Via DataSenado.

“As apostas no Brasil representam uma prática cultural profundamente enraizada, presente na identidade do país, com tradições que incluem, por exemplo, o jogo do bicho, loterias e bingos”, afirmou Vitória Lopes, advogada entrevistada pelo SBC Notícias Brasil.

“No entanto, essa mesma prática é vista por muitos como uma ameaça à moralidade e aos bons costumes, frequentemente criticada por sua suposta capacidade de incentivar comportamentos prejudiciais ou desestruturar valores sociais. Essa dualidade reflete a relação ambivalente que a sociedade brasileira mantém com as apostas: de um lado, um elemento cultural legítimo e historicamente consolidado; de outro, alvo de críticas que enfatizam preocupações morais e sociais, muitas vezes em detrimento de uma abordagem mais racional”, concluiu.

É inegável que o futuro de cassinos no Brasil depende, em certos pontos, da avaliação moral por trás dos tomadores de decisão, que têm princípios que variam em questões individuais e com consequências diretas ao conjunto populacional do país.