Ana Moser, ministra do Esporte: casas de apostas jogam com a impunidade

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Com o início da CPI da Manipulação de Resultados, que objetiva investigar os casos de fraude em jogos e em apostas denunciados ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), Ana Moser, ministra do Esporte, mostrou-se insatisfeita com o rumo que as apostas esportivas tomaram no Brasil.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, a ex-atleta olímpica de vôlei declarou que o setor é “totalmente desregulado” e que “virou terra de ninguém”. Para a ministra, as casas de apostas “jogam com a impunidade”.

Durante a conversa, Moser explicou que, embora a proposta de regulamentação esteja em discussão desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a CPI começou há pouco.

Para a servidora pública, as fraudes sao graves para o cenário esportivo. “Precisa ter fair play, ética. Não pode fabricar resultados, não pode entregar o jogo. Isso é credibilidade”, salientou Moser.

Ainda, discutiu sobre as proibições sugeridas pela CPI das apostas, afirmando que palpites em certos mercados facilitam a realização de golpes: “Que tipo de aposta dá margem para manipular? Apostar, por exemplo, em cartão amarelo é muito fácil”.

O Plano de Trabalho da CPI da Manipulação de Resultados

Moser, ao mencionar que determinados tipos de apostas podem contribuir para fraudes esportivas, referiu-se a uma das proibições que serão levantadas durante o Plano de Trabalho da CPI.

A Comissã será dividida em duas frentes de trabalho – penal e de regulamentação da indústria. Na frente penal, partidas sob suspeição de fraude e participantes do esquema, como jogadores, apostadores, operadores e clubes, serão investigados.

Na frente regulamentar, requisitos sobre apostas serão tratados, como a possibilidade de proibir apostas em “aspectos negativos do jogo”, como escanteios, cartões e pênalties.

A CPI irá investigar, em um primeiro momento, os oito jogadores acusados pelo MP-GO (Eduardo Bauermann, Fernando Neto, Gabriel Tota, Igor Cariús, Kevin Lomónaco, Matheus Gomes, Paulo Miranda e Victor Ramos).

Futuramente, intenciona-se chamar para depor a arbitragem dos jogos suspeitos. “Quem faz e como faz as escalas de arbitragem pelo país? Qual é a transparência desta escolha? Mas, já damos como certo, antes mesmo do início dos trabalhos, que o relatório final da CPI vai pedir a criação de um projeto de lei de regulamentação das apostas”, salientou Arcoverde.

Caso o proposto pela CPI das apostas seja oficialmente acatado, a Medida Provisória (MP) que regulamentará o setor no país, prestes a ser assinada pelo presidente Lula, será alterada. A CPI terá duração de 120 dias, prorrogável por mais 60.