Durante o evento ‘Cenário econômico do Brasil e desdobramentos para 2025’, promovido pela Aurum Wealth Management & Multi Family Office e Veedha Investimentos, que aconteceu na quarta-feira, 2, à noite, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil (BCB), palestrou sobre o cenário econômico brasileiro.
Ao ser questionado sobre as apostas esportivas, Neto afirmou que a separação entre as apostas esportivas da parte do crédito é necessária. Para ele, não tem sentido bancos terem apostas esportivas.
Segundo o economista, o tema tem sido estudado – incluindo a experiência de outros países. Neto disse que não conhece nenhum lugar em que uma “empresa que faça o crédito e dê linha de crédito para o sujeito apostar”.
Ao analisar a Europa e os demais continentes, Neto afirmou ser mais comum algum tipo de restrição relacionada à propaganda e à interseção entre crédito e apostas.
O presidente do BCB mencionou o trabalho acadêmico de um professor da University of California, Los Angeles (UCLA), que comparou os Estados americanos que permitiram as apostas com aqueles que não autorizaram.
“Vê claramente um efeito na inadimplência, um efeito, principalmente, na camada mais baixa”, afirmou o economista, acrescentando que as apostas esportivas são relevantes à autoridade monetária porque podem gerar inadimplência.
Neto comentou, ainda, o estudo feito pelo BCB sobre os beneficiários do Bolsa Família. Disse que o objetivo era ajudar no debate e fornecer transparência ao setor.
“Teve uma grande confusão entre o que é transferido e o que é perdido, e a gente não consegue ver o que é perdido, porque tem dinheiro que está parado na conta das bets [empresas de apostas]. Importante dizer que esse é um estudo preliminar. O número é bastante grande, mas a gente precisa se aprofundar nesse estudo”, disse o presidente do BCB.