Influenciadora Virginia Fonseca depõe na CPI das Bets

Imagem de Virgínia Fonseca depondo na CPI das Bets sobre apostas online
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Nesta terça-feira, 13, a Comissão Parlamentar de Inquérito de Apostas, chamada CPI das Bets, teve mais um capítulo, desta vez com a presença da influenciadora e apresentadora Virginia Fonseca como testemunha.

A criadora de conteúdo acumula mais de 50 milhões de seguidores em suas redes sociais, como foi constantemente reforçado durante o depoimento, e foi convidada para esclarecer seu papel na divulgação de casas de apostas.

Vestida casualmente com o moletom com o rosto de sua filha e com uma garrafa d’água rosa em mãos, Virginia foi questionada por senadores, inclusive pela relatora da CPI, Soraya Thronicke (Podemos-MS), sobre um vídeo feito em 2022, no qual a influenciadora divulga uma casa de apostas.

Visivelmente contrariada, a influenciadora retrucou: “Pega um vídeo recente, Soraya. Você tá pegando vídeo lá de 2022, pô. O negócio [Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária] nem tinha as coisas [regras de regulamentação]”.

Após ser repreendida pela senadora e pelo presidente da CPI, Virginia se desculpou publicamente, reconhecendo o tom exaltado: “Quero pedir desculpas por ter me estressado. Na época daquele vídeo, não havia exigências do CONAR. Hoje entendo melhor os dados que vocês trouxeram. Vou sair daqui reflexiva”.

Embora tenha recusado responder perguntas específicas sobre valores de seus contratos, amparada no direito constitucional ao silêncio, previsto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Virginia garantiu que todos os rendimentos foram declarados à Receita Federal. A apresentadora também se comprometeu a entregar os contratos com as empresas Blaze e Esportes da Sorte, com a condição de que fiquem sob sigilo devido a cláusulas de confidencialidade.

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Virgínia nega existência de “cláusula da desgraça alheia”

Durante o depoimento, Virginia negou a existência da chamada “cláusula da desgraça alheia” em seus contratos. Essa cláusula previa o comissionamento baseado nas perdas dos apostadores. Mas, segundo ela, havia apenas um bônus por performance, que nunca chegou a ser ativado.

“Meu contrato previa 30% a mais caso eu dobrasse o lucro da empresa, o que nunca aconteceu. Era um valor fixo, sem relação com prejuízos dos seguidores”, afirmou.

Fonseca também insistiu que sempre deixou claro os riscos envolvidos nas apostas e seguiu as recomendações do CONAR: “Eu falo que pode ganhar ou perder, que menores de 18 anos são proibidos, e que quem tem vício não deve jogar. Sempre deixei isso explícito”, disse.

Ela também negou ter usado sua conta pessoal para gravar vídeos de divulgação, explicando que as plataformas forneciam contas específicas para essas ações.

Foto: Reprodução/TV Senado.

O conhecimento sobre o mercado, ou a falta dele, foi um ponto em alta durante o depoimento de Fonseca. Em sua fala, a influenciadora constantemente relembrava que seguia um script: “Estou falando por mim, não sei como outros influenciadores fazem. Eu sempre deixo claro. Tudo isso que me passaram, eu falo. Normalmente, eu faço três stories. Em dois, eu falo, e no outro é mostrando como joga e tudo mais […] O que for para melhorar, é só passar para mim que eu faço como tiver que ser feito”, disse.

Em outra pergunta, a senadora Soraya questionou se a influenciadora gravava as publicidades com uma conta igual a de usuários da plataforma, ao que a criadora respondeu que não. A senadora, então, reforçou que seria uma conta de demonstração. Fonseca mostrou não saber o que isso significava.

“Então, que se proíba de vez”

“Se tudo isso realmente faz mal à população, então, que se proíba de vez. Mas eu nunca aceitei promover sites não regulamentados, mesmo recebendo propostas todos os dias”, declarou Virginia Fonseca.

Ao fim de sua participação, a influenciadora disse: “Eu não fiquei milionária com aposta. Minha empresa, a Wepink, faturou R$ 750 milhões em 2024. Quanto à publicidade com apostas, vou chegar em casa e pensar, pode ter certeza”.